sexta-feira, 14 de abril de 2017

Multiversos...Os Universos paralelos

Você é único? Em sua percepção do mundo, a resposta é simples e objetiva: você é diferente de todas as outras pessoas neste planeta. Mas o nosso universo é único?
O conceito de múltiplas realidades – ou universos paralelos – complica esta resposta e desafia o que sabemos sobre o mundo e nós mesmos. Um modelo de potenciais múltiplos universos, chamado de teoria dos Muitos Mundos, pode soar tão estranho e irreal que ele deve estar em filmes de ficção científica e não na vida real. No entanto, não há nada que descarte essa ideia.
Em 1954, Hugh Everett III, um jovem candidato ao doutorado da Universidade de Princeton, apareceu com uma idéia radical: a existência de universos paralelos, exatamente como o nosso.
Hugh Everett III
Esses universos estariam todos relacionados ao nosso, na verdade, eles derivariam do nosso, que, por sua vez, seria derivado de outros, nesses universos paralelos, nossas guerras surtiriam outros efeitos dos conhecidos por nós, espécies já extintas no nosso universo se desenvolveriam e se adaptariam em outros e nós, humanos, poderíamos estar extintos nesses outros lugares.
Essa teoria é perturbadora e ao mesmo tempo enlouquecedora e, mesmo assim, compreensível, noções de universos ou dimensões paralelos, que se assemelham aos nossos, apareceram em trabalhos de ficção científica e foram usadas como explicações na metafísica, mas por que um jovem físico em ascensão arriscaria o futuro de sua carreira propondo uma teoria sobre universos paralelos?
Com sua teoria dos Muitos Mundos, Everett precisou responder uma questão muito difícil relacionada à física quântica: por que a matéria quântica se comporta irregularmente? O nível quântico é o menor já detectado pela ciência. O estudo da física quântica começou em 1900, quando o físico Max Planck apresentou o conceito para o mundo científico, seu estudo sobre a radiação trouxe algumas descobertas que contradiziam as leis da física clássica, essas descobertas sugeriram que existem outras leis operando no universo de forma mais profunda do que as que conhecemos.
Em um curto espaço de tempo, os físicos que estudavam o nível quântico perceberam algumas coisas peculiares nesse mundo minúsculo. Uma delas é que as partículas que existem nesse nível conseguem tomar diferentes formas, por exemplo: os cientistas observaram fótons – minúsculos pacotes de luz – atuando como partículas e ondas, até mesmo um único fóton tem esse desvio de forma, imagine que você fosse um ser humano sólido quando um amigo olhasse você e, quando ele olhasse de novo, você tivesse assumido a forma gasosa.
O Estudo ficou conhecido como Princípio da Incerteza de Heisenberg
O físico Werner Heisenberg sugeriu que, apenas observando a matéria quântica, afetamos seu comportamento; sendo assim, nunca podemos estar totalmente certos sobre a natureza de um objeto quântico ou seus atributos, como velocidade e localização.
A interpretação de Copenhague da mecânica quântica apóia essa ideia, apresentada primeiramente pelo físico dinamarquês Niels Bohr, essa interpretação afirma que todas as partículas quânticas não existem em um ou outro estado, mas em todos os estados possíveis de uma só vez, a soma total dos possíveis estados de um objeto quântico é chamada de sua função de onda.
A condição de um objeto existir em todos seus possíveis estados, de uma só vez, é chamada de superposição.
Segundo Bohr, quando observamos um objeto quântico, afetamos seu comportamento, a observação quebra a superposição de um objeto e o força a escolher um estado de sua função de onda.
Essa teoria explica por que os físicos obtiveram medidas opostas em relação ao mesmo objeto quântico: o objeto “escolheu” estados diferentes durante diferentes medidas.A interpretação de Bohr foi amplamente aceita e ainda o é por grande parte da comunidade que estuda física quântica, mas ultimamente a teoria de Everett dos Muitos Mundos tem recebido muita atenção.
A divisão que ocorre baseada nos resultados possíveis para cada ação.
Segundo a teoria dos Muitos Mundos, para cada possível resultado de uma ação, o mundo se divide em uma cópia de si mesmo. É um processo instantâneo que Everett chamou de “descoesão”. Imagine um livro de aventura em que você escolhe a história, mas ao invés de escolher entre explorar uma caverna ou fugir com o tesouro, o universo se divide em dois para que cada ação aconteça.
Um aspecto vital da teoria dos Muitos Mundos é que quando o universo se divide, a pessoa não tem consciência de si mesma na outra versão do universo. Isso significa que o garoto que fugiu com o tesouro e viveu feliz para sempre não faz a menor idéia de sua versão que entrou na caverna e agora enfrenta um grande perigo, e vice-versa.
É o mesmo caso do suicídio quântico. Quando o homem puxa o gatilho, há dois resultados possíveis: a arma dispara ou não. Neste caso, o homem vive ou morre. Cada vez que o gatilho é puxado, o universo se divide para acomodar cada resultado possível. Quando o homem morre, o universo não é mais capaz de se dividir baseado no ato de puxar o gatilho. O resultado possível para a morte é reduzido a um: a morte contínua. Mas com a vida, ainda sobraram duas chances: o homem continua vivo ou morre.
Mas quando o homem puxa o gatilho e o universo se divide em dois, a versão do homem que viveu não terá consciência de que na outra versão do universo dividido ele morreu. Ao invés disso, ele continuará vivo e terá outra chance de puxar o gatilho. E cada vez que ele puxar o gatilho, o universo vai se dividir novamente, com a versão do homem que vive permanecendo, e ele continua inconsciente de todas as suas mortes nos universos paralelos. Neste sentido, ele poderá existir indefinidamente. É a chamada imortalidade quântica.
Então por que todas as pessoas que alguma vez tentaram se matar não são imortais? O que é interessante na interpretação dos Muitos Mundos é que, segundo a teoria, em algum universo paralelo elas são. Não parece ser o nosso caso, porque a divisão do universo não depende da nossa própria vida ou morte. Somos observadores no caso do suicídio de outra pessoa, e como observadores estamos sujeitos à probabilidade. Quando a arma disparou no universo – ou na versão – que habitamos, ficamos presos naquele resultado. Mesmo que peguemos a arma e continuemos a atirar no homem, o universo vai continuar em um único estado. Afinal, quando uma pessoa morre, o número de possíveis resultados de se atirar em um homem morto é reduzido a um.

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